Inspirado pelo samba, Wado lança seu décimo álbum, "Precariado". O trabalho, cuja produção é assinada pelo próprio artista, passeia por sonoridades ora eletrônicas e experimentais, ora com forte dinâmica de banda, sempre no pop contemporâneo e autêntico pelo qual ele ficou conhecido ao longo desses 17 anos de carreira.

Seu conceito e título foram retirados da obra do filósofo norte-americano Noam Chomsky, que classifica como “precariado” aquilo produzido no terceiro mundo com mão de obra barata para o consumo nos países desenvolvidos. Com sua marginalidade artística de sempre, Wado canta sobre existencialismo e problemas sociais, ao mesmo passo que enaltece o valor das relações humanas, sejam elas amorosas ou familiares. O resultado é uma proposta otimista e ensolarada através da sublimação e superação pela virtude da arte.

Precariado é seu primeiro álbum com apenas faixas inéditas em dez anos, e o primeiro lançamento após o DVD Wado Ao Vivo no Rex Jazzbar, que celebrou sua obra como um todo. Este novo capítulo em sua discografia surge, a partir daí, como mais um reforço de sua identidade experimental e essencialmente pop enraizada na música de hoje. Ao longo de suas onze faixas, ele faz menção a Tom Zé e a Beyoncé, com referências que passam ainda por Radiohead, Novos Baianos, Dorival Caymmi e Michael Jackson. O samba, célula-mãe da música brasileira, serve como o norte abençoador para as composições.

O diálogo entre gerações que Wado gosta de promover segue firme neste álbum. Kassin e Momo, amigos de longa data, estão presentes na obra ao lado de nomes que trazem o frescor que domina o Brasil contemporâneo: Baleia, Figueroas, Teago Oliveira (Maglore), Tuyo, Peartree e Morfina. Cada um adiciona um pouco de suas vozes, cores e inquietudes ao que resultou em um disco denso e complexo, mas sempre divertido.